A seqüência de atividades mostra uma nova maneira de exprimir sentimentos
Os pequenos compositores e seus
instrumentos: música para a chuva.
Foto: Alexandre Battibugli
Escutar músicas, cantar e tocar são atividades quase diárias para as
crianças que freqüentam a Escola HeiSei Ensino Bi-Cultural, de São
Paulo. Mas elas não parampor aí: a professora e educadora musical Kenia
Muraoka aproveita as mais diversas oportunidades para incentivar a
molecada a compor. O que parece ser uma atividade complicada até para
adultos vira uma curtição para a turminha de 6 e 7 anos, em fase de
alfabetização, que dessa forma aprende os elementos da linguagem
musical.
O gosto pela música aumenta e o aprendizado dessa linguagem se consolida
quando há, além da escuta atenta, a experimentação, na qual
instrumentos e voz são usados para inventar frases musicais. A atividade
de composição deve vir depois de outras que permitam à garotada
explorar as características do som (altura, duração, intensidade e
timbre). Dessa forma, as crianças mostram o que aprenderam, sem a
imposição de uma melodia predefinida. P.G.
Sequência de atividades
1. APURANDO A ESCUTA
Antes de compor, é preciso conhecer particularidades da linguagem
musical. O ouvido precisa ser treinado para uma audição atenta, num
trabalho longo. Duas ou três vezes, Kenia reproduz uma música de que
todos gostam, na íntegra. Depois, toca em um instrumento trecho por
trecho para a turma ouvir, cantar, interpretar e reparar nas pausas e
quando o som é mais ou menos forte, grave ou agudo, longo ou curto.
2. ESCOLHA DO TEMA
Qualquer situação do dia-a-dia pode servir de inspiração. Uma turma de 3
anos de Kenia escolheu compor uma música para a girafa, enquanto
estudava os grandes animais que vivem na floresta. A de 6 anos criou uma
composição sobre a chuva, já que cada um construiu um pau-de-chuva.
3. LETRA E MÚSICA REGISTRADAS
Na hora de compor, uma criança toma a iniciativa de cantarolar os
versos. Com os instrumentos, outros vão criando a letra junto com o
ritmo e a melodia. Kenia anota as frases e só interfere para sugerir
ajustes na métrica. Composição pronta, o coro é gravado. A anotação e a
gravação permitem executar a canção muitas vezes.
4. GRAFIA MUSICAL
A partir dos 4 anos, já é possível registrar a música com elementos
gráficos. Kenia marca, acima dos versos, traços indicando a variação de
frequência (linha ascendente, quando o som vai do grave para o agudo, e
descendente, quando acontece o contrário); de duração (linhas longas ou
curtas); e de intensidade (marcações fortes ou fracas). Depois, as
crianças escolhem os instrumentos para acompanhar a cantoria.
Outra proposta
PAISAGEM SONORA
Uma maneira divertida de aguçar a sensibilidade auditiva das crianças é
estimular o reconhecimento de sons em alguns ambientes. Coloque um
anteparo e "toque" um molho de chaves, um copo de vidro e outro de
plástico, moedas etc. Pergunte como elas identificaram os sons.
Convide-as também a nomear os sons ouvidos nos vários ambientes da
escola em horários diferentes (no refeitório na hora da merenda e no
horário de aula; no pátio na hora do recreio e quando estão todos nas
classes etc.). Sugira que as crianças os representem em forma de texto
descritivo ou com onomatopéias.
CONSULTORIA: MÔNICA MACIEL, COORDENADORA DO PROJETO TIM MÚSICA NAS ESCOLAS, DE SÃO PAULO